Irmãos do MUR e todos os que recebem esta postagem, envio as notícias da agência católica ZENIT. Neste início do tempo do Advento, que também marca o começo de um novo ano litúrgico, quero destacar o texto do Papa Bento XVI :Um coração vivo de esperança. Preparemo-nos para o Natal com todo o amor e todo o empenho. Vamos arrumar a casa do nosso coração à espera da mais bela criança que já existiu. Que este seja um grande Natal do Senhor para todos nós. A Paz de Cristo.
Grande abraço a todos. Márcio Monteiro - Coordenador do MUR na Arquidiocese de Fortaleza.
ZENIT
O mundo visto de Roma
Serviço diario - 28 de novembro de 2010
Santa Sé
- O homem se mede por aquilo que espera, diz Papa
- Vida concebida deve-se proteger com o máximo cuidado
Deus chora na Terra
Em foco
Entrevistas
Crônicas romanas
Análise
Angelus
Santa Sé
O homem se mede por aquilo que espera, diz Papa
Bento XVI reza o Angelus com os fiéis na Praça de São Pedro
O Papa Bento XVI dedicou a oração do Angelus deste domingo, com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, ao tema da espera e da esperança, no contexto do primeiro domingo do Advento.
"A espera, o aguardar, é uma dimensão que atravessa toda a nossa existência pessoal, familiar e social. A espera é presente em milhares de situações, das menores e mais banais às mais importantes, que nos comprometem totalmente e no profundo", disse o pontífice.
Bento XVI citou exemplos de momentos marcantes nesse sentido, como a espera dos pais pelo filho, a espera de um jovem pelo êxito em um exame decisivo ou em uma entrevista de trabalho; nas relações afetivas, a espera do encontro com a pessoa amada, da resposta a uma carta, ou da acolhida de um pedido de perdão.
Segundo o Papa, "pode-se dizer que o homem está vivo enquanto espera, enquanto em seu coração é viva a esperança. E por sua esperança o homem se reconhece: a nossa 'estatura' moral e espiritual se pode medir por aquilo que esperamos, por aquilo em que temos esperança".
Neste tempo que prepara o Natal, o Papa convidou cada pessoa a se perguntar aquilo que espera. "O que, neste momento de minha vida, clama em meu coração?", sugeriu que se pergunte o Papa. Mas não só no âmbito individual, também no coletivo, o que se espera enquanto comunidade.
O Papa indicou então que se aprenda de Maria, "Mulher do Advento, a viver o dia a dia com um espírito novo, com o sentimento de uma espera profunda, que só a vinda de Deus pode preencher".
(Alexandre Ribeiro)
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Vida concebida deve-se proteger com o máximo cuidado
Bento XVI presidiu vigília pela vida do nascituro
O Papa presidiu no final da tarde desse sábado, na Basílica de São Pedro, as Primeiras Vésperas do I Domingo do Advento.
A celebração realizou-se no contexto da vigília pela vida do nascituro, a cuja participação foram convidadas a se unir as comunidades católicas de todo mundo.
Em sua homilia – segundo informa Rádio Vaticano –, o Papa convidou os protagonistas da política, da economia e da comunicação social a promoverem uma cultura de respeito pela vida. Ele pediu que se promovam condições favoráveis e redes de apoio ao acolhimento e desenvolvimento da vida.
"Há correntes culturais que procuram anestesiar as consciências com motivações enganadoras", afirmou Bento XVI, sublinhando que o embrião no ventre materno "não é um amontoado de material biológico", mas um "novo ser vivo".
O Papa ressaltou os problemas que afetam as crianças após o nascimento, como abandono, fome, miséria, doença, abusos, violência e exploração.
"As muitas violações dos direitos das crianças que se comentem no mundo ferem dolorosamente a consciência de toda pessoa de boa vontade."
O Papa pediu o respeito, a defesa, o amor e o serviço pela vida, "toda vida humana". Somente neste caminho se encontrarão "justiça, desenvolvimento, verdadeira liberdade, paz e felicidade", disse.
A vigília pela vida do nascituro marcou também a conclusão do Congresso Internacional da Família promovido pelo Pontifício Conselho para a Família, evento que abordou o tema da família como sujeito ativo na pastoral e no anúncio missionário.
Deus chora na Terra
Ucrânia, uma Igreja supostamente desaparecida
Entrevista com o cardeal Husar, de Kiev
KIEV, domingo, 28 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – A Igreja na Ucrânia supostamente havia desaparecido. Os comunistas tentaram liquidá-la em 1946, mas os crentes conservaram a fé de forma clandestina, mantendo-a como uma Igreja de catacumbas durante mais de 40 anos.
Lubomyr Husar, o futuro chefe da Igreja na Ucrânia, nasceu em Kiev em 1933, mas em meio ao alvoroço do comunismo, sua família abandonou o país, encontrando refúgio primeiro na Áustria e assentando-se, depois, nos Estados Unidos, em 1949. Moraram nos Estados Unidos durante 20 anos e o jovem Lubomyr seguiu lá sua vocação sacerdotal, tornando-se sacerdote da eparquia ucraniana de Stamford (Connecticut), em 1958.
Ele morou na Itália durante mais de duas décadas e, depois de 46 anos de ausência, voltou à sua nativa Ucrânia.
Hoje, com 77 anos, e agora cardeal (desde 2001), é o arcebispo de Kiev.
Nesta entrevista, o cardeal reflete sobre a mão da Divina Providência em sua Igreja, que "se supunha que estava desaparecida".
Seus pais devem ter sido um exemplo para o senhor. O senhor sempre teve o desejo e o sentido da vocação?
Cardeal Husar: Eu senti isso muito cedo. Acho que foi antes dos 10 anos, quando tive, de alguma maneira, o desejo de tornar-me sacerdote. Certamente, naquele então, durante a guerra, era muito difícil – só se podia sonhar com isso – mas, quando a guerra terminou e, depois, quando chegamos aos Estados Unidos, em 1949, foi possível tornar realidade aquele sonho e entrei no seminário três semanas depois da nossa chegada aos Estados Unidos.
Numa idade assim, aos 10 anos, houve alguma outra pessoa ou algum acontecimento que despertou esse desejo de ser sacerdote?
Cardeal Husar: Acho que foi o bom exemplo do sacerdote da igreja que minha família costumava frequentar. A igreja estava a cargo dos padres redentoristas e eles trabalhavam com muito zelo, pregavam muito bem, cuidavam dos fiéis que iam à sua igreja. Sendo um menino, fui membro da comunidade dedicada à Mãe Santíssima, na qual os padres redentoristas nos reuniam e nos guiavam. Tenho certeza de que isso, de alguma maneira, teve a ver com a minha vocação.
O senhor agora é responsável pelos católicos gregos, não só na Ucrânia, mas também na diáspora e muitos deles estão nos Estados Unidos. O senhor sente que a Providência o levou aos Estados Unidos de forma que pudesse conhecer sua cultura e sua gente?
Cardeal Husar: Estou pessoalmente convencido de que a história da nossa Igreja nos últimos 130 anos, desde a época em que a primeira onda de imigrantes chegou aos Estados Unidos, nos anos 80 e 90, todo este movimento, que depois se repetiu após a primeira e segunda guerras mundiais, foi, de alguma forma, providencial. Que a nossa Igreja pudesse se estabelecer no Norte e no Sul da América e fosse capaz de sobreviver durante os anos em que a Igreja na pátria era perseguida, nos ajuda muito. Acho que hoje existe uma quarta onda que chega aos Estados Unidos e ao Canadá e encontra um novo lar para eles nas igrejas que existem há um século.
Sinto também que, de alguma maneira, é providencial que possamos servir a comunidade; não só a nossa própria comunidade, ajudando a manter a fé e a tradição, mas que também possamos ser testemunhas para os demais da catolicidade verdadeira da Igreja, da amplidão da Igreja, da sua capacidade de existir em diversas culturas e línguas; e sinto que, de alguma forma, isso também é uma intervenção da Divina Providência.
O senhor voltou à Ucrânia no final do comunismo. Qual foi sua primeira impressão ao voltar ao país?
Cardeal Husar: Visitei a Ucrânia pela primeira vez em 1990 e de forma muito breve, apenas durante 10 dias. Encontrei-me com alguns sacerdotes e leigos. A impressão eu diria que foi de luzes e sombras, porque, por um lado, enfrentei a realidade daquelas pessoas, que haviam passado por um período muito, muito duro e, por outro, percebi que essas pessoas, devido ao que haviam passado, tinham sofrido muito. Estive de forma permanente na Ucrânia durante quase 15 anos e me surpreendem, se não todos os dias, quase todos. Descubro algo novo sobre o que foi aquela realidade e os efeitos e consequências que deixou nos corações das pessoas.
O partido comunista, apoiado pelo estado comunista, tentou, de forma muito assídua e de maneira muito refinada, transformar as pessoas, fazer que esquecessem que são criaturas de Deus e convencê-las verdadeiramente de que são criaturas do Estado, que são completamente dependentes do Estado. Em outras palavras, tentar que assumissem uma natureza e uma moral diferentes. Isso ainda está presente em nós, ainda que, graças a Deus, as pessoas mantenham sua fé e vão à igreja. Mas viver uma vida cristã diária não é fácil para eles, porque foram educados de forma diferente, contrário aos princípios da moral cristã.
Qual seria a cicatriz mais profunda e persistente que o comunismo deixou nos corações e no espírito das pessoas?
Cardeal Husar: Não sei se poderia identificar uma em particular, mas, em geral, é a falta de confiança nas pessoas, nos vizinhos e inclusive nos membros da própria família, porque todo o sistema se apoiava no medo e o medo consistia em não confiar em ninguém.
O senhor disse, certa vez: "O problema é que o Leste – isto é, a tradição bizantina – não conhece o Ocidente, a Igreja latina, e o Ocidente não conhece o Oriente". O que o senhor quis dizer com isso?
Cardeal Husar: Eu quis dizer isso quase literalmente. Neste sentido, a Europa Ocidental, isto é, a cultura latina, e a Europa Oriental, que basicamente é de cultura bizantina, não se conhecem simplesmente por circunstâncias históricas; não se deu o intercâmbio suficiente.
Pode haver duas razões para isso. Uma pode ser uma razão externa, a situação política, a divisão política entre Europa Ocidental e Oriental, que foi muito óbvia durante a Guerra Fria, a Cortina de Ferro. A mentalidade de uma "Cortina de Ferro" esteve presente durante décadas, talvez inclusive séculos. O segundo aspecto é que a Europa Ocidental, especialmente a cultura latina, foi também uma cultura católica, enquanto na Europa Oriental, devido a circunstâncias que estiveram presentes durante séculos, a cultura bizantina se identificou primariamente com as tradições ortodoxas. Falo aqui dos ortodoxos em sentido confessional, o que impediu um intercâmbio fácil entre estas duas culturas que, hoje, por conseguinte, conhecemos como Oriente e Ocidente.
O Papa João Paulo II falou de uma Europa com dois pulmões: o bizantino (ou ortodoxo) e o católico. Que dons a Igreja latina pode oferecer à bizantina e vice-versa?
Cardeal Husar: É necessário fazer aqui um pequeno esclarecimento, porque o aspecto oriental e ocidental – ou ambos os pulmões, se você preferir – não deveriam se identificar totalmente com os católicos e os ortodoxos. A maioria das pessoas do leste é ortodoxa e a maioria das do Ocidente é católica; no entanto, há católicos nas tradições orientais; então, não devemos fazer uma identificação dessa maneira exclusiva.
Mas o Santo Padre falava de um intercâmbio de dons, falando espiritualmente. Acho que há certos aspectos no Ocidente e no Oriente que, se ambas as partes conhecessem, enriqueceriam o Oriente com o Ocidente e vice-versa. Eu não saberia identificá-los de forma precisa, mas, em geral, um deles é a fé. E penso que deveríamos ser muito conscientes do fato de que, ainda que tenhamos dois pulmões, sempre há um coração atrás deles, e este único coração é Jesus Cristo, que é reconhecido por culturas diferentes de maneiras diferentes, mas que essencialmente é o mesmo Jesus Cristo no Ocidente e no Oriente. No entanto, há certos acentos e creio que estes deveriam ser estudados, deveriam ser a expressão desta partilha de dons.
O senhor conheceu o Pe. Werenfried, o fundador de Ajuda à Igreja que Sofre. Poderia me dizer qual foi a importância de Ajuda à Igreja que Sofre na história da Igreja Católica grega e qual é sua importância hoje?
Cardeal Husar: Nas décadas de 60, 70 e 80, o Pe. Werenfried, com Ajuda à Igreja que Sofre, a organização que ele fundou, amava nossa Igreja e ajudou nossa Igreja quando não era popular fazê-lo. Supunha-se que havíamos desaparecido, que haviam nos liquidado. Não deveríamos ser mencionados oficialmente, mas, naquele momento, o Pe. Werenfried estava disposto a ajudar em tudo que pudesse, naqueles dias de perseguição. Por isso, penso não somente na ajuda material oferecida, mas sobretudo na ajuda moral que ele nos deu: sua fé na nossa Igreja, em sua existência, em seu eventual renascimento. Acho que isso foi, para nós, de uma importância capital.
Hoje, certamente, a situação é diferente. Hoje, Ajuda à Igreja que Sofre nos apoia, por exemplo, ainda muito mais com certos projetos. Um dos maiores projetos é a Universidade Católica Ucraniana, a única universidade católica na antiga União Soviética. Quando o Santo Padre João Paulo II veio à Ucrânia, em 2001, passou pelo lugar onde estavam o seminário e a faculdade de teologia e onde estavam presentes os representantes da universidade. Entre eles, estava o Pe. Werenfried; o Santo Padre lhe agradeceu expressamente pelo que havia feito por nós. Acho que, neste sentido, nas novas condições de liberdade e desenvolvimento da nossa Igreja, o trabalho do Pe. Werenfried ainda continua.
* * *
Esta entrevista foi realizada por Mark Riedemann para "Deus chora na terra", um programa rádio-televisivo semanal produzido por Catholic Radio and Television Network, (CRTN), em colaboração com a organização católica Ajuda à Igreja que Sofre.
Mais informação em www.aisbrasil.org.br, www.fundacao-ais.pt.
O vídeo original completo desta entrevista pode ser visto em www.wheregodweeps.org/the-mediator-the-greek-catholic-church-in-ukraine/
Em foco
Um Deus e três religiões monoteístas: a Comissão Teológica Internacional responderá
Sessão plenária da Comissão Teológica Internacional no Vaticano, de 29 de novembro a 3 de dezembro
CIDADE DO VATICANO, domingo, 28 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Se só existe um Deus, como se explicam as três religiões monoteístas? Quais as relações entre judeus, muçulmanos e monoteístas com relação a isso? A sessão plenária da Comissão Teológica Internacional vai tentar responder a essas perguntas.
A Comissão, cuja função é ajudar a Santa Sé e especialmente a Congregação para a Doutrina da Fé a examinar questões doutrinais importantes, discutirá, de 29 de novembro a 3 de dezembro, no Vaticano, a questão dos princípios, sentido e método da Teologia além da integração da doutrina social da Igreja no contexto da doutrina cirstã.
A sessão será presidida pelo cardeal William Joseph Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Os resultados dos estudos da Comissão são apresentados ao Papa e entregues para sua oportuna utilização à Congregação para a Doutrina da Fé. Em geral, são publicados posteriormente para o conhecimento da opinião pública.
A Comissão está composta de teólogos de diferentes escolas e nações, eminentes por sua ciência e fidelidade ao Magistério da Igreja. Os membros – em número não superior a 30 – são nomeados pelo Santo Padre sob proposta do prefeito da Congregação e após consulta com as conferências episcopais.
A Comissão surgiu quando Paulo VI acolheu a proposta da primeira assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, em 11 de abril de 1969.
Entrevistas
Cardeal José Manuel Estepa, vida a serviço da Igreja
Entrevista com o novo purpurado espanhol
Por Carmen Elena Villa
CIDADE DO VATICANO, domingo, 28 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – O cardeal José Manuel Estepa, 84 anos, confessa que recebeu a nomeação cardinalícia por Bento XVI "com muita surpresa" e diz brincando: "sou um bispo amortizado", ou seja, "já terminei de pagar meu serviço".
O arcebispo emérito castrense, nascido em Andújar Jaén (Espanha), integra os 24 novos cardeais e os 4 não-eleitores (por ser maior de 80 anos) recém-nomeados pelo Papa. ZENIT o entrevistou.
ZENIT: Em seus anos de sacerdote, como foi ser consultor e colaborador da Congregação para o Clero?
Cardeal José Manuel Estepa: Comecei colaborando com a Congregação para o Clero no setor de catequese, no ano de 1969. Sempre continuei. Já são mais de 40 anos de colaboração. Sempre no setor de catequese, como uma perspectiva que em mim se acentuou com a colaboração com o CELAM, na América Latina.
ZENIT: O senhor foi nomeado bispo por Paulo VI, em 1972. Que destaca dele?
Cardeal José Manuel Estepa: O esforço por unir cada vez mais a reflexão cristã de anúncio de fé. Nesta colaboração, a catequese teve uma dimensão missionária. Isso está em sintonia, já o víamos desde aquele tempo, com o que o atual Santo Padre pede, este dinamismo de evangelização.
Estávamos convencidos de que os países de raízes cristãs necessitavam de um novo impulso. Sempre há que buscar que a evangelização banhe e se impregne da cultura de cada tempo. Propriamente estávamos em uma mutação e em uma mudança de cultura. Tudo isso se viu com a celebração do Concílio Vaticano II. Era importante que o Evangelho se fizesse presente.
A isso se fez frente com dois sínodos universais: primeiro o de 1974, sobre a evangelização. Isso foi uma visão muito profunda de Paulo VI. Quando no ano seguinte é-lhe pedido que determine o tema do seguinte sínodo, Paulo VI disse que deveria ser da catequese, que se celebrou em 1977, porque não se podia separar evangelização de catequese.
A evangelização é a semeadura, a catequese é o crescimento. Por isso, não se podem separar. Se se faz só evangelização no sentido da pregação de conversão, não se fortalece o crescimento da personalidade cristã no fundamento da cultura, pois também aí há imaturidade.
ZENIT: O senhor também fez parte dos bispos que redigiram o Catecismo da Igreja Católica. Como foi?
Cardeal José Manuel Estepa: No início, éramos seis bispos. Depois, fomos sete, os da comissão de redação do catecismo. Sempre que fazíamos reuniões em Roma, o Papa João Paulo II vinha um dia ver nosso trabalho e nos escutava muito. Foram praticamente seis anos de trabalho com um ritmo bimestral.
Recordo muito o cardeal Ratzinger, que se caracterizava pela certeza de saber que essa tarefa ia poder terminar. O objetivo valia a pena e tinha-se de trabalhar com confiança, sem estar obcecados e também estando seguros de que os que estávamos fazendo valia o esforço.
O cardeal Ratzinger foi exemplar nesse dinamismo de confiança. Éramos um grupo muito reduzido. Depois de poucos meses, o grupo cresceu, com o atual cardeal Levada, hoje prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, depois o atual arcebispo de Viena, cardeal Cristoph Schoenborn, que tinha sido aluno de Ratzinger. Aí fiquei muito satisfeito e trabalhei com confiança. Pessoalmente, essa experiência ajudou no amadurecimento de minha fé.
ZENIT: Passemos a seu serviço episcopal. O senhor assumiu como bispo auxiliar de Madri em um momento de muitas tensões, no chamado período de transição na Espanha.
Cardeal José Manuel Estepa: Sim. Estive ali por 11 anos (1972 – 1983). Acompanhei o cardeal Tarancón, que durante o mesmo período era arcebispo de Madri. Uma grande personalidade, com quem pude colaborar em um tempo muito duro para nós. Era o conhecido tempo de transição da ditadura para a democracia. A Igreja teve de guardar um grande equilíbrio e fazer possível acompanhar uma sociedade que evoluía para formas políticas diferentes. Creio que a Igreja o fez com grande prudência e com grande sentido de generosidade.
ZENIT: Depois passou a ser arcebispo castrense.
Cardeal José Manuel Estepa: Foi aí que recrudesceu o terrorismo, que me afetou de uma maneira muito particular, porque durante alguns anos os primeiros objetivos dos terroristas eram os militares e a polícia. Era uma preferência macabra e trágica. Tive de presidir a muitas celebrações funerais.
Foram 20 anos e 10 meses de arcebispo castrense (1983 – 2004), em que, sobretudo nos 10 primeiros anos, tive de acompanhar vítimas de terrorismo, depois as preferências dos terroristas foram mudando de objetivo, deixaram de ser os militares.
Minha experiência de arcebispo ordinário militar me ajudou, porque encontrei um setor da sociedade espanhola caracterizado pela fortaleza. Com isso não quero fazer distinções de mais católicos ou menos católicos. Mas devo proclamar que nos militares e profissionais e na polícia vejo um grande sentido cristão em geral e uma formação mais sólida como cristãos que em outros setores da sociedade. Eu estava servindo em um setor onde a fé estava sendo semeada e onde tinha dado frutos. Isso em enche de satisfação.
ZENIT: Como vê a situação da fé na Espanha?
Cardeal José Manuel Estepa: Creio que com a visita recente do Papa se pôde apreciar que a fé vive, não só nas gerações mais velhas, mas em um setor de juventude, temos de cultivar isso. Estamos necessitados de um grande fortalecimento, que necessita de uma grande catequese.
Crônicas romanas
A autêntica arte sacra
Por Rodolfo Papa*
ROMA, domingo, 28 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – A arte sacra tem a tarefa de servir com a beleza à sagrada liturgia. Na Sacrosanctum Concilium está escrito: "A Igreja nunca considerou um estilo como próprio seu, mas aceitou os estilos de todas as épocas, segundo a índole e condição dos povos e as exigências dos vários ritos, criando deste modo no decorrer dos séculos um tesouro artístico que deve ser conservado cuidadosamente" (n. 123).
A Igreja, portanto, não elege um estilo. Isso quer dizer que não privilegia o barroco ou o neoclássico ou o gótico. Todos os estilos são capazes de servir ao rito. Isso não significa, evidentemente, que qualquer forma de arte possa ou deva ser aceita acriticamente. De fato, no mesmo documento, afirma-se com clareza: "A Igreja julgou-se sempre no direito de ser como que o seu árbitro, escolhendo entre as obras dos artistas as que estavam de acordo com a fé, a piedade e as orientações veneráveis da tradição e que melhor pudessem servir ao culto" (n. 122). Torna-se útil, portanto, perguntar-se "que" forma artística pode responder melhor às necessidade de uma arte sacra católica, ou, o que é o mesmo, "como" a arte pode servir melhor, "desde que sirva com a devida reverência e a devida honra às exigências dos edifícios e ritos sagrados".
Os documentos conciliares não desperdiça palavras, e elas dão diretrizes precisas: a arte sacra autêntica deve buscar nobre beleza e não mera suntuosidade, não deve contraria a fé, os costumes, a piedade cristã, ou ofender o genuíno sentido religioso. Este último ponto vem explicitado em duas direções: as obras de arte sacra podem ofender o sentido religioso genuíno "pela depravação da forma, que pela insuficiência, mediocridade ou falsidade da expressão artística" (n. 124). Requer-se da arte sacra a propriedade de uma forma bela, "não depravada", e a capacidade de expressar de forma apropriada e sublime a mensagem. Um claro exemplo está presente também na Mediator Dei, em que Pio XII pede uma arte que evite "o realismo excessivo por um lado e, por outro, o exagerado simbolismo" (n. 190).
Essas duas expressões referem-se a expressões históricas concretas. Encontramos de fato "excessivo realismo" na complexa corrente cultural do Realismo, nascido como reação ao sentimentalismo tardio romântico da pintura de moda, e que podemos encontrar também na nova função social assinalada ao papel do artista, com peculiar referência a temas tomados diretamente da realidade contemporânea, e também a podemos relacionar com a concepção propriamente marxista da arte, que conduzirão as reflexões estéticas da II Internacional, até as teorias expostas por G. Lukacs. Além disso, há "excessivo realismo" também em algumas posturas propriamente internas à questão da arte sacra, ou seja, na corrente estética que entre finais do século XIX e inícios do XX propôs pinturas que tratam de temas sagrados sem enfrentar corretamente a questão, com excessivo verismo, como por exemplo uma Crucifixão pintada por Max Klinger, que foi definida como uma composição "mista de elementos de um verismo brutal e de princípios puramente idealistas" (C. Costantini, Il Crocifisso nell'arte, Florença 1911, p. 164).
Encontramos em contrapartida "exagerado simbolismo" em outra corrente artística que se contrapõe à realista. Entre os precursores do pensamento simbolista podem-se encontrar G. Moureau, Puvis de Chavannes, O. Redon, e mais tarde aderiram a essa corrente artistas como F. Rops, F. Khnopff, M. J. Whistler. Nos mesmos anos, o crítico C. Morice elaborou uma verdadeira e própria teoria simbolista, definindo-a como uma síntese entre espírito e sentidos. Até chegar, depois de 1890, a uma autêntica doutrina levada adiante pelo grupo dos Nabis, com P. Sérusier, que foi seu teórico, pelo grupo dos Rosacruzes, que unia tendências místicas e teosóficas, e finalmente pelo movimento do convento beneditino de Beuron.
A questão se esclarece mais, portanto, se se enquadra imediatamente nos termos histórico-artísticos corretos; na arte sacra, é necessário evitar os excessos do imanentismo por um lado e do esoterismo por outro. É necessário empreender o caminho de um "realismo moderado", junto a um simbolismo motivado, capazes de captar o desafio metafísico, e de realizar, como afirma João Paulo II na Carta aos Artistas, um meio metafórico cheio de sentido. Portanto, não um hiper-realismo obcecado por um detalhe que sempre escapa, mas um sadio realismo, que no corpo das coisas e rosto dos homens sabe ler e aludir, e reconhecer a presença de Deus.
Na mensagem aos artistas, diz-se: "Vós [os artistas] ajudastes [a Igreja] a traduzir sua divina mensagem na linguagem das formas e das figuras, a fazer perceptível o mundo invisível". Parece-me que nesta passagem toca-se no coração da arte sacra. Se a arte, da forma à matéria, expressa o universal mediante particular a arte sacra, a arte a serviço da Igreja, realiza também a sublime mediação entre o invisível e o visível, entre a divina mensagem e a linguagem artística. Ao artista se pede que dê forma à matéria, recriando inclusive esse mundo invisível mas real que é a suprema esperança do homem.
Tudo isso me parece que conduz para uma afirmação da arte figurativa – ou seja, uma arte que se empenha em "figurar" como realidade – como máximo instrumento de serviço, como melhor possibilidade de uma arte sacra. A arte realista figurativa, de fato, consegue servir adequadamente ao culto católico, porque se funda na realidade criada e redimida e, precisamente comparando-se com a realidade, consegue evitar os escolhos opostos dos excessos. Precisamente por isso, pode-se afirmar que o mais próprio da arte cristã de todos os tempos é um horizonte de "realismo moderado", ou, se queremos, de "realismo antropológico", dentro do qual se desenvolveram, no tempo, todos os estilos próprios da arte cristã (dada a complexidade do tema, remeto a artigos posteriores).
O artista que queira servir a Deus na Igreja não pode senão medir-se como a "imagem", a qual faz perceptível o mundo invisível. Ao artista cristão se pede, portanto, um compromisso particular: o de representar a realidade criada e, através dela, esse "mais além" que a explica, funda, redime. A arte figurativa não deve tampouco temer como inatual a "narração", a arte é sempre narrativa, tanto mais quando se põe a serviço de uma história que sucedeu em um tempo e um espaço. Pela particularidade desta tarefa, ao artista se pede também que saiba "o que narrar": conhecimento evangélico, competência teológica, preparação histórico-artística e amplo conhecimento de toda a tradição iconográfica da Igreja. Por outro lado, a própria teologia tende a se fazer cada vez mais narrativa.
A obra de arte sacra, portanto, constitui um instrumento de catequese, de meditação, de oração, sendo destinada "ao culto católico, à edificação, à piedade e à instrução religiosa dos fiéis"; os artistas, como recorda a já muitas vezes citada mensagem da Igreja aos artistas, "edificaram e decoraram seus templos, celebraram seus dogmas, enriqueceram sua liturgia" e devem continuar fazendo isso.
Assim também hoje nós somos chamados a realizar em nosso tempo obras e trabalhos dirigidos a edificar o homem e a dar Glória a Deus, como recita a Sacrosanctum Concilium: "Seja também cultivada livremente 'na Igreja a arte do nosso tempo, a arte de todos os povos e regiões, desde que sirva com a devida reverência e a devida honra às exigências dos edifícios e ritos sagrados. Assim poderá ela unir a sua voz ao admirável cântico de glória que grandes homens elevaram à fé católica em séculos passados" (n. 123).
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* Rodolfo Papa é historiador da arte, professor de história das teorias estéticas na Universidade Urbaniana, em Roma; presidente da Accademia Urbana delle Arti. Pintor, autor de ciclos pictóricos de arte sacra em várias basílicas e catedrais. Especialista em Leonardo Da Vinci e Caravaggio, é autor de livros e colaborar de revistas.
Análise
Videogames e violência
Opiniões se dividem e buscam soluções
Pe. John Flynn, LC
ROMA, domingo, 28 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – O Supremo Tribunal dos Estados Unidos ouviu, há pouco tempo, argumentos para decidir se deve ou não proibir a venda ou locação de videogames violentos a menores de idade.
Segundo a informação da imprensa, a reação dos juízes foi contraditória, com opiniões que não se adequavam à divisão normal que costuma haver entre eles na maioria das questões legais.
O caso tem a ver com uma lei da Califórnia, de 2005, que proíbe a venda de videogames excessivamente violentos a menores de idade. Foi assinada, como alguns observavam ironicamente, por um antigo ator, conhecido por seus filmes violentos, o governador Arnold Schwarzenegger. Após ser invalidada nos tribunais inferiores, a batalha pela lei chegou agora ao Supremo Tribunal.
As questões em litígio vão desde por que só os videogames deveriam receber um tratamento especial, e não também os quadrinhos e a música rap, até se poderiam inclusive ser considerados uma forma de arte, informou o Wall Street Journal no dia 3 de novembro.
"Neste país não temos a tradição de dizer às crianças que devem ver as pessoas batendo na cabeça dos colegas com um pedaço de pau enquanto estes suplicam piedade, pessoas que não têm dó e que decapitam, que atiram nas pernas das pessoas", afirmou o juiz presidente John Roberts, segundo a reportagem de 2 de novembro da Associated Press.
Pelo contrário, o juiz Antonin Scalia afirmou: "Preocupa-me a Primeira Emenda, que diz que o Congresso não deveria criar lei alguma que limitasse a liberdade de expressão". E acrescentou: "Nunca se entendeu que a liberdade de expressão não inclui representações da violência".
Segundo o texto da Associated Press, os tribunais de outros seis Estados anularam proibições similares.
Liberdade de expressão
"Os videogames, inclusive os violentos, permitem que os jogadores tenham liberdade de expressão, como os instrumentos permitem que os músicos tenham liberdade de expressão", escreveu Daniel Greenberg, roteirista e desenhista de videogames, em um artigo de opinião no Washington Post, em 31 de outubro.
"Ninguém no governo está qualificado para decidir que jogos não permitem a liberdade de expressão, ainda que a liberdade de expressão seja de um menino de 15 anos", afirmou. Também argumentou que as autoridades da Califórnia não tinham conseguido apresentar evidências de que os videogames causam danos psicológicos aos menores.
Após a apresentação de argumentos ao tribunal, um redator do PC World, JR Raphael, também condenou a lei em seu site, em um artigo sem data.
Deixando de lado assuntos de princípios, apontou os problemas práticos da legislação. O texto da lei define um videogame violento como aquele "no qual o leque de opções disponíveis a um jogador inclui assassinar, mutilar, desmembrar ou abusar sexualmente da imagem de um ser humano", de forma "declaradamente ofensiva", apela aos "interesses desviados mórbidos" de uma pessoa e carece de "verdadeiro valor literário, artístico, político ou científico".
"Quem vai declarar sobre que videogames são 'declaradamente ofensivos' e quais não são?", questionou. Também citou uma pergunta do juiz Antonin Scalia: "O que é um videogame violento 'desviado', em oposição a um videogame violento 'normal'?".
Gregory K. Laughlin, diretor da biblioteca de Direito da Faculdade Cumberland de Direito da Universidade Samford (Alabama), mostrou-se a favor da lei, em um texto divulgado no dia 2 de novembro, no site da revista First Things.
Ele admitiu que os pesquisadores se mostraram divididos sobre a existência de um nexo entre os videogames e os comportamentos violentos. Também reconheceu que a questão é a liberdade de expressão. Não obstante, afirmou que, no passado, o Supremo Tribunal sustentou que haveria restrições para os menores quanto ao tema da liberdade de expressão.
Há mais de 40 anos, indicou Laughlin, o Supremo Tribunal manteve vigente uma lei de Nova York que restringia o acesso dos menores às revistas pornográficas. Em sua sentença, o tribunal explicou que o Estado estava justificado na hora de agir, não com base em uma certeza científica sobre o dano causado, mas porque "os pais têm um interesse no desenvolvimento ético e moral dos seus filhos e têm o direito de contar com a ajuda do Estado ao educar seus filhos para que sejam adultos éticos e morais".
Laughlin fez referência a outras sentenças e concluiu citando uma opinião que se remonta a mais de 60 anos, do juiz Robert Jackson, quem dizia: "Existe o perigo de que, se o Tribunal não moderar sua lógica doutrinária com um pouco de sabedoria prática, pode converter a Lei de Direitos constitucionais em um pacto suicida".
Pesquisas
No começo deste ano, aconteceu um debate similar na Austrália, quando o departamento do Fiscal Geral federal recebeu propostas sobre a possibilidade de introduzir a categoria para maiores de 18 anos nos videogames.
Ainda não se anunciou nenhuma decisão, mas em maio o governo publicou um informe sobre o material recebido do público e de organizações. Houve 34 comunicações da comunidade, da Igreja e de grupos da indústria. Destes, 18 apoiavam a introdução da classificação para maiores de 18 anos, enquanto 16 se opunham à sua introdução.
Os grupos da indústria do entretenimento estavam a favor de uma categoria para adultos, que lhes permitiria vender jogos que atualmente não são permitidos na Austrália. Em suas comunicações, sustentaram que existe uma falta de evidência científica que conclua que os meios violentos causam ou desencadeiam comportamentos violentos. Também afirmaram que não há provas de que a violência dos videogames seja mais prejudicial que a violência dos filmes ou de outros meios.
Algumas organizações cristãs e familiares se opuseram à criação da categoria de adultos nos videogames. Em sua comunicação, o Australian Christian Lobby afirmou que já se estendeu na comunidade a preocupação pela violência na mídia e é maior quando se fala de videogames.
Manter uma proibição aos videogames não adequados para menores é – afirmaram – uma postura "baseada no bom senso e na pesquisa apoiada na premissa de que a natureza interativa dos jogos de computador causa que seu conteúdo tenha um maior impacto nos jogadores que os efeitos de representações de cinema parecidas de condutas violentas ou sexuais nos espectadores de filmes".
O Australian Council on Children and the Media observou que, com materiais portáteis qualificados para maiores de 18 anos, como DVDs e jogos, existe um risco muito maior de que não se proteja sua exposição às crianças. Isso contrasta com os filmes de cinema, dos quais é mais fácil proteger as crianças.
Além disso, afirmaram que, ainda que alguns pais possam estar muito bem informados sobre os riscos e estar atentos para evitar a exposição em seus próprios lares, nem todos estão.
Não é o ideal
No entanto, a Igreja Católica adotou uma postura diferente neste tema. A Conferência Episcopal Australiana emitiu um comunicado estabelecendo que sua opção preferida seria que o material para maiores de 18 anos não estivesse disponível na Austrália.
Mas, dado que já está presente, apesar de ler ilegal, seria preferível introduzir a classificação para maiores de 18 anos nesses jogos, de forma que se possa restringir o acesso a este material por parte de menores.
A comunicação deixou claro que a Conferência Episcopal Australiana não aprova tais videogames. "Em um mundo ideal, o tipo de material que está incluído em filmes e jogos de computador para maiores de 18 anos nunca deveria ser visto em uma democracia civilizada", comentaram os bispos.
Como este não é um mundo ideal, precisamos resolver a situação da melhor maneira possível. Proibir não é uma opção, pois, de fato, a conferência episcopal afirmou que muito desse material está disponível por meio da internet ou de cópias.
Angelus
Bento XVI: um coração vivo de esperança
Oração do Angelus na Praça de São Pedro no primeiro domingo do Advento
CIDADE DO VATICANO, domingo, 28 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Apresentamos as palavras de Bento XVI ao introduzir a oração do Angelus neste domingo, na Praça de São Pedro.
* * *
Caros irmãos e irmãs!
Hoje, primeiro domingo do Advento, a Igreja inicia um novo Ano litúrgico, um novo caminho de fé, que, de uma parte, faz memória do evento de Jesus Cristo e, de outra, abre-se ao seu cumprimento final. E justamente desta dupla perspectiva vive o Tempo do Advento, olhando tanto para a primeira vinda do Filho de Deus, quando nasce da Virgem Maria, como para o seu retorno glorioso, quando virá para "julgar os vivos e os mortos", como dizemos no Credo. Sobre esse sugestivo tema da "espera" eu gostaria de refletir brevemente agora, porque se trata de um aspecto profundamente humano, em que a fé se torna, por assim dizer, una em nossa carne e nosso coração.
A espera, o aguardar, é uma dimensão que atravessa toda a nossa existência pessoal, familiar e social. A espera é presente em milhares de situações, das menores e mais banais às mais importantes, que nos comprometem totalmente e no profundo. Pensemos na espera de um filho da parte dos pais; a de um parente ou de um amigo que vem nos visitar de longe; pensemos, para um jovem, na espera do êxito de um exame decisivo, ou de uma entrevista de trabalho; nas relações afetivas, a espera do encontro com a pessoa amada, da resposta a uma carta, ou da acolhida de um pedido de perdão... Pode-se dizer que o homem está vivo enquanto espera, enquanto em seu coração é viva a esperança. E por sua esperança o homem se reconhece: a nossa "estatura" moral e espiritual se pode medir por aquilo que esperamos, por aquilo em que temos esperança.
Cada um de nós, portanto, especialmente neste Tempo que prepara o Natal, pode-se perguntar: que coisa eu espero? O que, neste momento de minha vida, clama em meu coração? E essa mesma pergunta se pode colocar no âmbito da família, da comunidade, da nação. O que aguardamos, em conjunto? Que une nossas aspirações, o que nos junta? No tempo precedente do nascimento de Jesus, era fortíssima em Israel a espera do Messias, ou seja, de um Consagrado, descendente do rei Davi, que libertaria finalmente o povo da escravidão moral e política e instauraria o Reino de Deus. Mas ninguém poderia imaginar que o Messias pudesse nascer da uma jovem humilde como era Maria, esposa prometida do justo José. Nem mesmo ela poderia pensar, apenas no seu coração a espera do Salvador era tão grande, a sua fé e a sua esperança eram tão ardentes que Ele pôde encontrar nela uma mãe digna.
Além disso, o próprio Deus a havia preparado, antes dos séculos. Há uma misteriosa correspondência entre a espera de Deus e a de Maria, a criatura "plena de graça", totalmente transparente ao plano de amor do Altíssimo. Aprendamos dela, Mulher do Advento, a viver o dia a dia com um espírito novo, com o sentimento de uma espera profunda, que só a vinda de Deus pode preencher.
[Traduzido por ZENIT
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