Ao longo da História da humanidade observamos que na maioria das sociedades que conhecemos o homem explora o próprio homem para obter benefícios para si e para quem escolher. Não que este tipo de exploração seja inato ao ser humano, contudo, é algo desenvolvido desde os primórdios dos registros históricos e que podemos constatar até hoje.
Através da escravidão pessoas eram obrigadas a trabalhar para que outras obtivessem inúmeros privilégios. Durante o sistema feudal o ato de explorar o outro teve continuidade através dos donos das terras e seus servos. A exploração humana tomou dimensões maiores com o advento do Capitalismo, em especial, com o surgimento da Revolução Industrial, que expôs de uma forma, até então, mais brutal o impacto negativo que o sistema capitalista causava na vida de inúmeras pessoas. Os setores urbanos foram paulatinamente sendo mais habitados, as condições de trabalho eram bastante precárias e os salários pagos aos operários em geral não dava nem para seu sustento.
Nesse contexto, diversas doutrinas e teorias se apresentavam como sugestões para auxiliarem os operários explorados na sua luta por uma vida sem miséria. O pensamento de mais destaque era o do alemão Karl Marx. Para ele havia uma luta de classes entre os proletários (operários) e os burgueses (patrões), através desta disputa em que a burguesia seria derrotada o Capitalismo teria seu fim sendo sucedido pelo Comunismo.
No entanto, o pensamento comunista de Marx não era unânime e descontentava inclusive a Igreja Católica. Embora com um pensamento diferente do marxiano a Igreja também se sentia obrigada a pronunciar-se contra as injustiças causadas pelo Capitalismo. Em meio a isso, o papa Leão XIII escreveu uma das mais importantes encíclicas de nossa Igreja, a Rerum Novarum. A partir deste documento consolidou-se com mais notoriedade a Doutrina Social da Igreja (DSI). O pontífice, em nome da comunidade católica, se posicionava contra a exploração dos operários pelos seus patrões denunciando a miséria em que aqueles viviam, contudo negava a solução dada pelo comunismo, pois era contra, entre outras coisas, o incentivo à luta de classes.
A Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) de 2010, cujo tema é Economia e Vida está enquadrada dentro da DSI, expondo-nos de uma forma atual um recorte desta Doutrina, que tem como alguns de seus fundamentos a cobrança junto ao poder público de uma melhoria de vida dos cidadãos e o estímulo à partilha. A CFE deste ano nos propõe, entre outras coisas, que lutemos também pelo bem estar financeiro e a garantia dos direitos dos irmãos e não apenas dos nossos (isto vai além de simplesmente darmos esmolas), exaltando o valor da vida de cada ser humano. Entretanto, infelizmente, muitos ainda colocam o dinheiro acima do outro e até mesmo de DEUS.
Diante de tanta desigualdade e exploração somos tentados a cruzar os braços e fingirmos que não enxergamos o irmão sofrer por causa da miséria que lhe é imposta. Além de nossas orações podemos agir materialmente em favor daqueles que mais precisam. Evangelizar também é socorrer o irmão em algumas de suas necessidades, mas, não tentando adequar o Evangelho às ideologias políticas como muitos fazem, e sim, ajudando o próximo guiados pelos ensinamentos de Jesus.
Autor: José Cristovam Aragão de Araújo Neto. (Comunidade Nova Unção/Ministério Universidades Renovadas- CE)
Nenhum comentário:
Postar um comentário